ENEM

Redação nota 1000 exige bom desempenho em 5 competências, ensina Carla Carmelita

Tatiana Notaro
Tatiana Notaro
Publicado em 11/09/2019 às 8:00
PRINT CARLA CARMELITA FOTO:

Grande obstáculo ou grande trunfo dos candidatos, a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem uma formatação interessante, que exige domínio da norma culta, compreensão do tema, utilização de conceitos de diversas áreas, boa argumentação e proposta de intervenção. São cinco competências que somam 1000 pontos e representam a alavanca para a entrada na universidade.

A aula de hoje é com a professora Carla Carmelita, do Colégio GGE, que traz dicas de ouro para treinar a redação. Estamos na reta final para a prova (lembre-se, você vai fazer a redação no primeiro dia, 3 de novembro), mas ainda há tempo para treinar. E esta é a primeira dica: faça, pelo menos, uma redação por semana.

E falando nas competências exigidas, vamos lá:

1.Norma culta (200 pontos)

Pasme! Segundo Carla Carmelita, a vírgula é a campeã de erros. “É erro crasso, por exemplo, separar, com vírgula, o sujeito do predicado da frase. Isso pode custar 40 pontos ao candidato”. Assista ao vídeo abaixo. Lá, a professora detalha outros pontos de atenção para conquistar os 200 pontos da competência 1.

2. Compreensão da proposta com utilização de conceitos de outras áreas (200 pontos)

A competência 2 também reúne um dos erros mais frequentes na redação do Enem: tangenciar o tema. Ou seja, fugir ao tema proposto. Segundo Carla, o candidato precisa ficar muito atento ao tema exigido, que nem sempre é o foco do texto de apoio. “Já aconteceu em uma edição do Enem: o tema da redação era ‘O trabalho na construção da dignidade humana’, mas o texto de apoio era sobre trabalho escravo. Muitos alunos, então, erraram ao dissertar sobre o tema do texto de apoio”, relembra Carla. 

Neste caso, a dica é repetir as palavras-chaves do tema e ficar atento à contribuição do texto de apoio, mas focar na proposta. “Repetir as palavras-chaves do tema, porque ele vai ser obrigado a dissertar sobre o que está sendo proposto”.

3. Seleção e organização das ideias

Refletir por um instante e fazer um “projetinho do texto, com as ideias principais” é a primeira orientação de Carla para a competência 3. “Qual a minha tese? Qual meu ponto de vista sobre o assunto? A partir disso, selecionar o argumento um e o argumento dois trazer um conceito, um exemplo, para poder construir a tese que está defendendo”, ensina a professora do GGE.

4. Construção da argumentação

Carla explica que é possível construir um texto com três argumentos, mas é “perigoso”. “O aluno pode acabar só ‘jogando’ a ideia e não desenvolvê-la. O ideal é que ele coloque esses argumentos nos dois parágrafos de desenvolvimento”. A introdução e a conclusão, respectivamente o primeiro e o último parágrafos, precisam ser as menores partes do texto; o desenvolvimento (os parágrafos 2 e 3 somados), o maior.

A maior dificuldade, explica a professora, é como começar o texto. “Uma sugestão: se travou, se na hora não veio nada, começa com o tema: ‘um assunto que tem dividido a opinião dos cidadãos…’. O assunto é bastante comentado? ‘Um assunto que tem polemizado a opinião pública…’. Outro exemplo, que já foi tema do Enem, é a situação do aluno surdo no contexto escolar, assunto que pouco se comenta: ‘Um assunto que é relegado ao esquecimento…”.

5. Proposta de intervenção

Carla Carmelita alerta: mesmo que o tema não seja um problema, o aluno precisa problematizá-lo ou não conseguirá cumprir a competência 5, uma das exigências da redação do Enem. “A competência 5 é a proposta de intervenção, então ele tem que lançar soluções”, explica.

“Por exemplo: um assunto que não era um problema, que já foi tema da redação do Enem, é a importância da leitura. Como é que eu vou problematizar? Por que não se lê no Brasil? Por que, no Brasil, o quantitativo de leitores é inexpressivo? A partir dessa problematização, os argumentos: porque livro é caro, porque leitura não é um fator cultural e por aí vai. Então, se o tema não for um problema, o candidato vai fazer a perguntinha: por que aquilo não acontece?”.