ENEM

Hábito da leitura é estratégico para bom desempenho na redação do Enem

Tatiana Notaro
Tatiana Notaro
Publicado em 27/09/2019 às 14:00
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Ler e ler sempre. Não existe outro caminho além deste para almejar a boa escrita. Obviamente que outras ferramentas são necessárias (conhecer a gramática e suas aplicações, por exemplo), mas é através da leitura, da construção constante do repertório e do vocabulário, da intimidade com a Língua que se preenchem os requisitos para um bom texto.

Professora de Produção Textual do Colégio Marista São Luís, Sandra Lima tem 30 anos de sala de aula e explica que a condução dos alunos ao hábito de leitura percorre vários caminhos, com novas estratégias de estímulo. “Textos de vários tipos, sugestão de livros, usar do conhecimento prévio que o aluno tem para chegar a novos sentidos”, argumenta.

Para Sandra, o perfil atual do aluno é “paradoxal”. “Em sala, estamos diante de um geração de estudantes que têm acesso a muitas mídias, a muita informação, mas lê aquilo que interessa a eles. É uma geração impaciente, não é um leitor de um editorial, de grandes reportagens. Quer uma leitura imediatista e isso repercute muito na produção textual”.

A leitura de periódicos, inclusive, é estratégica para as exigências da prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), fundamental para a construção do repertório, dos argumentos necessários para cumprir uma das competências.

Leitura é estimulada desde cedo o Marista São Luís | Foto: JC360

E o que a professora Sandra faz? Estimula a reconstrução desse hábitos e uma das ferramentas disponibilizadas pelo Marista São Luís é a Oficina de Textos (leia mais aqui). “Oferecemos para este estudante vários gêneros textuais para que os reconheça. Desta forma, eles vão conseguir construir, a partir da leitura, um ponto de vista com começo, meio e fim”.

Aplicação no Enem

A professora Sandra Lima explica que os estudantes têm que ter muito claro que precisam se preocupar com habilidades e competências exigidas pelo Enem, que são cinco, cada uma valendo 200 pontos, totalizando a almejada redação nota 1.000.

A primeira competência valoriza a norma culta, as regras gramaticais por todo o texto, que deve ter, no máximo, 30 linhas. A segunda exigência é o desdobramento dos argumentos, que atendam ao tema e ao gênero dissertativo.

“Usar de conhecimento de outras áreas - da história, da geografia, da sociologia -, dialogar com a competência dele com a áreas de conhecimento, validando o processo argumentativo, é o ideal”, explica Sandra Lima. E não adianta, continua a professora, que o aluno lance mão de um repertório pessoal, do “eu acho que”. “O que é dito precisa ser validado por conhecimentos das várias áreas, e tem que ser coerente com a temática”.

Aliás, a prova dá uma ajuda, com o texto de apoio. Mas até para o seu uso é preciso ser inteligente. “O texto de apoio é um apoio. É interessante que o candidato acrescente informações às que estão postas. Caso contrário, ele corre o risco de dar apenas uma paráfrase”.

Na competência de número 3, selecionar e organizar ideias, Sandra fala de quatro verbos: selecionar (seleciono as informações), relacionar (relaciono as informações entre si), organizar (organizo as informações), interpretar (interpreto essas informações no meu texto). “Não é não simplesmente copiar, é a capacidade de selecionar, relacionar, organizar e interpretar as informações para dar o tom do texto”.

Na construção da argumentação, a competência 4, o candidato precisa apresentar a capacidade de ligar o texto: parágrafos + períodos. Por fim, o Enem exige uma proposta de intervenção, uma solução para os problemas apresentados. “Esta é das mais difíceis. É preciso ter ideia do que sugerir, quem vai ser o agente dessa sugestão, detalhar como a solução vai ser aplicada, além de ventilar os impactos que essa sugestão terá na sociedade”.