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Literatura surge como suporte e contexto na prova do Enem

Tatiana Notaro
Tatiana Notaro
Publicado em 11/10/2019 às 10:30
DANIEL BANDEIRA_1 FOTO:

A Literatura registra a história - social, humana, política, econômica - tracejando letras e arte e contextualizando a humanidade. E é exatamente desta forma que ela é cobrada na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), como um suporte - “infelizmente”, segundo professor de Literatura do Colégio Marista São Luís, Daniel Bandeira, que dá as dicas de hoje do Blog do Enem.

Bandeira relembra que, no ano passado, a Literatura apareceu no Enem como esse elemento de suporte, em cima de textos poéticos. Isso seria ótimo, não fosse a dificuldade que, em geral, os estudantes têm para abstrair: pensar além do que lê na prova, na poesia, na crônica.

“A gente vê isso pelas estatísticas, pelos estudos dos resultados, e temos trabalhando para que eles se aproximem da essência do texto, para que percebam que o texto não é apenas a primeira leitura, mas que a Literatura tem outros caminhos, sociais, econômicos, políticos”, diz Bandeira.

O governo mudou. E o Enem?

Muitos candidatos têm essa dúvida e o Blog do Enem perguntou a vários professores se eles esperam que a prova traga alguma mudança por causa da nova gestão do Governo Federal. A maioria não aposta que possa haver grandes diferenças, mas o palpite de Daniel Bandeira é que, sim, é possível. “Lidando com as artes e a literatura, a gente tem que olhar para o mundo de forma crítica e como já vivemos um ‘tempo de silêncio’, a gente precisa de uma arte que fale”, metaforiza Bandeira.

Mas não precisa criar pânico. O professor explica que os estudantes precisam ter a consciência de que estão “experimentando um novo momento” e que é preciso passar por ele com fôlego. Dito isso, vamos em frente.

Literatura: quem?

Bandeira lista nomes como Adélia Prado, Manuel Bandeira, Manoel de Barros (poeta de Cuiabá), Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Patrícia Galvão, Tarsila do Amaral, revolucionários da arte. “Como dito, a Literatura no Enem é altamente contextualizada, um texto que aparece na prova vem contextualizado e é com base nisso que se chega à resposta”.

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E ele, o SSA?

É o Sistema Seriado de Avaliação (o SSA da UPE) que ainda se apega a determinar leituras obrigatórias, embora elas não apareçam sempre nas provas. É que, como já dissemos por aqui, o SSA é mais tradicional, conteudista e tende a se apegar a esse formato.

Bandeira explica, baseado no programa divulgado pelo processo seletivo, que a UPE pede Modernismo. Desde o Pré-modernismo, as vanguardas europeias, chegando ao teatro de ruptura, com Nelson Rodrigues e Plínio Marcos, por exemplo. “Considero uma prova que peca pela estrutura de preposições, que é uma forma de preparar as questões que é injusta com o aluno. É glorificar o marcar x. De toda forma, os alunos já são habituados, são treinados para isso”.